Não havia
imaginado que, ao lançar-me como voluntário a participar do Projeto Rondon,
estaria presenteando a mim mesmo com uma experiência única e inesquecível.
Imaginava mais uma missão. Talvez um pouco diferente daquelas que habituei-me a
cumprir, pois atuaria em um trabalho de campo, envolto pela essência acadêmica.
Apesar de ter cursado nível superior, nunca tivera a oportunidade de participar
de uma atividade dessa magnitude.
Fui agraciado pela sorte que
colocou em meu caminho duas excelentes equipes de estudantes e professores.
Estes imbuídos de bem orientar e coordenar todos os trabalhos, aqueles
empolgados com a possibilidade de colocar em prática os conhecimentos
adquiridos em sala de aula, de transmitir valores e de contribuir para o
engrandecimento de uma pequena comunidade. Todos sensibilizados pelo espírito
da solidariedade e da fraternidade. Diante de motivações tão nobres, somadas ao
caráter, inteligência, desprendimento, abnegação e amor ao próximo, o resultado
não poderia ser diferente, uma missão cumprida com louvor. O sentimento de
esperança era transmitido em cada contato com a população, em cada palestra, em
cada visita. Os rondonistas deixavam um rastro de alegria por onde passavam,
mas não só isso, ensinavam, despertavam no coração dos membros daquela
comunidade o desejo de crescer, de mudar a realidade, de viver a cidadania
plenamente.
Foram dias de trabalho intenso
e desgastante. O sol e chuva disputavam a companhia dos rondonistas, travavam
uma luta feroz. O astro rei dominava o cenário com seus raios escaldantes, mas
sua opulência não foi capaz de sequer diminuir a vontade do rondonista. Este
seguia, valente, empunhando a bandeira da solidariedade, sem se deixar abater
pelo calor e cansaço. Não obstante as diferenças culturais e de personalidade
dos componentes das equipes, a empatia prevaleceu, o consenso e composição de
interesses e idéias nortearam os debates e as decisões, assim, as atividades
fluíram naturalmente, as dificuldades foram superadas e os guerreiros de Rondon
conseguiram concluir todos os objetivos que haviam traçado. A população de
Mimoso viveu intensamente o espírito rondonista e chorou na hora da despedida,
tendo por único consolo os abraços dos estudantes e professores e as palavras
de incentivo e de esperança..
A Operação Centro-Oeste, em
Mimoso de Goiás, operou grandes mudanças na alma desses jovens estudantes,
tornou-os verdadeiros profissionais, dedicados educadores, orgulho seus
professores. Os ensinamentos que transmitiram foram recebidos com muito carinho
e respeito pela população mimosense. Os frutos destes, com certeza, irão brotar
e revelarão naquele município grandes multiplicadores que se incumbirão de
perpetuar o ideal da busca do progresso por meio da ação social efetiva.
Tenho orgulho ter trabalhado
com esses digníssimos cidadãos, verdadeiros amigos. Com eles aprendi muito como
profissional e cidadão. Os momentos difíceis, os de descontração, os de
tristeza, seus risos, suas idéias, suas manias, seus regionalismos, tudo
encantou e cativou, tudo ficou registrado na memória. A distância e o tempo
tornam a saudade mais cruel, mas não são capazes de diminuir esse sentimento.
Sargento Lisandro
lisandroapaz@hotmail.com